Material é capaz de absorver e repelir barulhos, além de controlar a entrada de calor no ambiente. Contêineres também podem ser usados como guaritas, banheiros, salas de aula e moradias
No passado, as estruturas provisórias dos canteiros de obra, como vestiários, refeitórios e alojamentos, eram executadas sem muito capricho. Normalmente feitas de madeira, elas permitiam a entrada de água e umidade, que contribuíam para o surgimento do mofo. No entanto, essas construções vêm, gradativamente, sendo substituídas por módulos habitacionais ou contêineres adaptados para receber os trabalhadores da obra. “O uso desses equipamentos não é novidade, porém, há cerca de cinco anos, surgiram os módulos habitacionais termoacústicos, propriedade assegurada pelo uso de EPS”, conta José Roberto Macedo, gerente comercial da Brasmódulos. Apesar de se tratar de contêineres, eles apresentam acabamentos que dão a sensação de se estar no interior de uma estrutura executada com alvenaria tradicional.
O uso da solução não se restringe aos canteiros. “A aplicação é ampla, sendo usada para criação de banheiros, depósitos, guaritas, salas de aula e até moradias”, enumera Marco Aurélio Brandão Leite, gerente comercial da Canadá Containers. Os contêineres também têm potencial de atender outros mercados, como a construção de casas populares. “Acredito que isso não tem acontecido por desconhecimento do governo, mas seria um projeto rápido e com excelente qualidade”, opina.
COMO SÃO CONSTRUÍDOS?
Os módulos habitacionais termoacústicos têm o aço como principal elemento construtivo. “Os pisos são constituídos de uma estrutura metálica e assoalho de madeira”, informa Macedo. Para garantir a isolação de ruídos e temperatura são utilizados, nas laterais, painéis do tipo ‘sanduíche’ com duas chapas de aço de 0,50 mm revestindo um miolo de 50 mm de EPS. “A estrutura também pode ser preparada para receber áreas molhadas como duchas”, completa.
“O uso desses equipamentos [contêineres] não é novidade, porém, há cerca de cinco anos, surgiram os módulos habitacionais termoacústicos, propriedade assegurada pelo uso de EPS”, José Roberto Macedo
Como cada módulo habitacional é personalizado de acordo com o seu uso, as divisórias dos ambientes são criadas com base em projeto elaborado por engenheiros e arquitetos. Em situações que pedem estruturas maiores, os equipamentos podem ser acoplados. “Por meio da modulação, é possível desenvolver o layout adequado para atender as mais variadas demandas”, afirma Macedo.
Segundo Brandão, nos projetos com elementos laterais ou na disposição ‘frente/fundo’ não existem limites de dimensão para a estrutura. “Já para o contêiner em módulo, as dimensões externas são de 6 m de comprimento, 2,40 m de largura e 2,85 m de altura. Esse tipo de equipamento também permite que uma estrutura seja colocada sobre a outra, criando ambientes com dois pavimentos”, explica.
O PAPEL DO EPS
O uso do EPS na fabricação de módulos habitacionais justifica-se pelo fato de o material ser um excelente isolante termoacústico. “O elemento é capaz de absorver ou repelir o barulho, ao mesmo tempo em que consegue controlar a entrada de calor no ambiente”, diz Brandão, lembrando que a densidade mínima que o EPS deve apresentar para esse tipo de aplicação é de 15 kg/ m³, além de ser da classe F — que não propaga fogo em caso de incêndio.
O custo é outra variável que torna o EPS a opção mais interessante. “Existem alternativas para os módulos habitacionais termoacústicos, porém são bem mais caras”, diz o gerente comercial da Canadá Containers. Por outro lado, a leveza (outra característica marcante do EPS) não é um fator determinante para a escolha do material.
“A aplicação [dos módulos habitacionais] é ampla, sendo usado para criação de banheiros, depósitos, guaritas, salas de aula e até moradias”, Marco Aurélio Brandão Leite
No sistema convencional de caixas metálicas preenchidas com EPS, os equipamentos são entregues com pintura eletrostática branca, com a possibilidade de receber outros tipos de revestimento. Há, também, o sistema de paredes produzidas com telhas trapezoidais revestidas com 20 mm de EPS. “Nesse caso, o acabamento interno é feito com a instalação de lambril de PVC branco”, detalha Macedo. “Além disso, os ocupantes conseguem pendurar nas paredes internas quadros ou aparelhos de TV. Para isso, os parafusos devem transpassar as placas e, no lado externo, precisa ser executada a impermeabilização, por meio de silicone, por exemplo, para evitar infiltrações”, orienta Brandão.
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E HIDRÁULICAS
A execução dos sistemas elétrico e hidráulico pode ser realizada de maneira interna. “No entanto, não é aconselhável por diminuir a resistência mecânica das placas”, adverte o gerente comercial da Canadá Containers. Para contornar o problema, a solução é a instalação de eletrotubos ou sistema do tipo “X” elaborado com calhas para a fiação elétrica, canaletas para a passagem de cabos de telefonia e internet, e tubulação de PVC para distribuição de água e esgoto. “Todas essas instalações são executadas de maneira aparente. Entretanto, isso não quer dizer que o ambiente ficará visualmente poluído. Tudo é feito de maneira harmoniosa, para que o resultado final seja esteticamente agradável”, ressalta Macedo.
O equipamento tem total integração com outros sistemas construtivos, como alvenaria ou estruturas metálicas. “Em alguns municípios, por questões legislativas, não é permitida a montagem da cozinha dentro de módulos. Nesses casos, o local onde ocorre a preparação da comida é executado com alvenaria, e o refeitório anexado é construído a partir de módulos”, exemplifica Macedo.
COLABORAÇÃO TÉCNICA
José Roberto Macedo – Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade São Judas Tadeu, é gerente comercial da Brasmódulos, empresa que tem 27 anos no mercado e fornece equipamentos para o Brasil e a América do Sul. Além dos contêineres, também aluga mobiliário para equipar os ambientes e oferece máquinas e equipamentos para construção.
Marco Aurélio Brandão Leite – Graduado em Administração de Empresas pela Faculdade Newton Paiva, ele tem MBA em Gestão de Empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV-MG). Já atuou como diretor administrativo, gerente geral, gerente administrativo e gerente financeiro em diversas empresas. Atualmente, é gerente comercial da Canadá Containers, onde coordena contratos e orçamentos em vários segmentos das áreas industrial, mineradora e da construção civil.