Um bom exemplo construtivo pode ser verificado na execução das taxiways, do Aeroporto de Nova Orleans (EUA), onde o EPS foi utilizado como parte da solução do assentamento dessas pistas de rolamento sobre solos moles. “As taxiways operam, hoje, aviões de grande porte como Boeing 747 (Jumbos)”, esclarece o engenheiro André do Valle Abreu, sócio-diretor da IQS Engenharia, consultoria especializada em projetos de infraestrutura aeroportuária.
O EPS vem sendo utilizado como material geotécnico desde os anos 60. Por se tratar de material muito leve, chegando a 1% do peso do solo, ele pode ser usado na substituição parcial de camadas de solo, a fim de reduzir o peso de aterros construídos sobre solo mole. “De maneira análoga à construção de rodovias ou ferrovias, o uso de EPS na execução de pistas de aeroportos reduz a sobrecarga nas camadas subjacentes de solo mole e, consequentemente, diminui os recalques”, defende.
Os benefícios incluem maior velocidade na construção desses “aterros” constituídos de EPS (conhecido popularmente como “isopor”), fácil manejo na obra e redução do maquinário pesado nos canteiros e do transporte de material de jazidas. Além disso, há a vantagem adicional de economia de custos. “Obviamente, o uso do EPS deve ser precedido de ensaios geotécnicos para avaliar a qualidade da área e de estudos e projeto criteriosos a fim de garantir a performance do aterro a ser construído”, recomenda Abreu.
O especialista explica que as cargas das aeronaves são inicialmente suportadas pelas camadas de pavimento aplicadas sobre o aterro, que deve ter boa capacidade de suporte. “O EPS possui considerável resistência mecânica, baixa absorção de água e mantém suas características mecânicas mesmo em presença de umidade, fazendo com que sua integridade estrutural seja também mantida”, acrescenta.
MONTAGEM DO EPS NO SOLO
O processo de montagem é relativamente simples, devido ao fácil manuseio dos blocos em EPS. “Por serem leves, os blocos podem ser erguidos e cortados com ferramentas de pequeno porte. São posicionados no solo conforme a geometria definida em projeto, sendo que um bloco vai se encaixando no outro”, explica Abreu.
Cuidados especiais devem ser tomados quando a colocação dos blocos em EPS se situa no nível do lençol freático, exigindo ancoragens robustas e confiáveis. Normalmente, são empregadas estacas ancoradas em geogrelhas, segurando o conjunto de blocos em EPS, para garantir que não venham a emergir mediante a elevação do lençol freático. Devem ser usadas, também, mantas impermeáveis para proteger os blocos do contato com hidrocarbonetos, como a gasolina.
“Após a execução do aterro leve em EPS, com a devida ancoragem e sua impermeabilização com mantas geossintéticas, normalmente é conformada a parte final do aterro. Essa etapa pode utilizar solo competente ou, mesmo, uma camada final em argamassa. A partir daí, é executada a obra de pavimentação tradicional, com sub-base, base e camada de revestimento – normalmente em concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ)”, expõe Abreu.